domingo, 17 de dezembro de 2017

Sobre guardar a vida em filmes


Tenho guardadas 30 e tal cassetes que mostram o  crescimento da nossa família. Hoje deu-me para visionar uma delas que retratava a festa surpresa dos 50 anos de casados dos meus pais! Chorei, emocionei-me, vi e ouvi o meu pai, vi os seus olhos a rir como eu gostava de ver, vi a minha mãe tão diferente, tão feliz, tão consciente. Os meus tios de quem tenho tantas saudades! Os filhos e netos tão pueris, tão diferentes, tão infantis! E os discursos? E tanta gente que ali estava e já não está!
E eu? Tão diferente!
Começo a pensar que não foi boa ideia tentar congelar o passado em cassetes video. Tinha ficado lá no sítio dele,  recordado apenas por memórias ténues e não pela beleza viva do riso lindo do meu pai que já não existe e de quem eu tenho tantas saudades.
 Sofria menos, tenho a certeza.

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