terça-feira, 19 de junho de 2018

No dia em que o meu pai morreu


Foi em Agosto no dia de aniversário de cara metade. Estava internado nos cuidados intensivos e recebi a notícia no supermercado logo pela manhã. Tinha abandonado a ideia de  férias porque percebi que queria estar ali naqueles dias. Embora esperada irracionalmente,  havia sempre a esperança de o voltar a trazer para casa. 
Deus resolveu levá-lo talvez porque o seu bom senso e o seu sorriso  Lhe fizesse falta. 
Telefonei nesse dia à minha amiga de infância que estava em férias e me consolou imenso, e a mais duas pessoas. Uma delas perguntou se queria que avisasse toda a gente e eu disse-lhe que não. Sabia que estavam todos de férias. No entanto e devido à amizade que pensava que havia, pensei, ingenuamente, que essa pessoa telefonasse ao grupo duro das colegas e as informasse da morte de querido pai para que eles pudessem, por telefone, dar-me algum consolo. Apeteceu-lhe levar à letra o que eu tinha dito porque sim, porque dava imenso trabalho e até nem conhecia o "velho". Nem por um segundo se colocou no meu lugar para pensar que eu teria apreciado uns telefonemas das colegas em férias. 
Admirou-se mais tarde pela minha frieza que não entendeu! Nuances das amizades sinceras que não quis ou não soube perceber. E eu afastei-me. Dorida mas com a lição estudada.
Em meados de Setembro, algumas amigas sinceras trocaram comigo algumas lágrimas embora  algumas delas também não conhecessem o meu pai! Só que eram minhas amigas e sentiram a minha dor como se fosse a delas. 
Duramente percebi a diferença abissal entre amigos e colegas de trabalho.
Uma lição que me ajudou, embora com imensa dor e solidão, a crescer e a não cair noutra.
Tenho conseguido! Obrigada pela bela lição que me transmitiste cara colega de trabalho.

Já passaram 8 anos! Hoje apeteceu-me desabafar! Porque somos pessoas construídas, a maior parte das vezes, à custa das coisas negativas que nos vão acontecendo. Recalcamos e de repente ... Lá vem mais um episódio.

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