domingo, 15 de setembro de 2019

Autocompaixão

Um tema novo que ando a gostar de explorar!


Preencha a seguinte frase:
 “Eu tenho medo de não ser... o bastante.” 

A ideia é que você responda a primeira coisa que vier à cabeça, sem ficar racionalizando? E aí, como foi pra você preencher essa frase? Veio algo de imediato ou de repente não veio nada? Veio apenas uma palavra ou vieram várias? 90% das pessoas que preenchem esse exercício pensam em mais de uma palavra antes mesmo da frase ter sido completada. E as respostas mais comuns tem a ver com ser bom ou perfeito o bastante. Essa situação interna de escassez é uma tendência mental que é a base do ciúme, da cobiça, do preconceito e das nossas interações com a vida. Segundo a antropóloga e ativista Lynne Twist, vivemos numa cultura da escassez, que tem como base a vergonha, comparação e desmotivação. Brené Brown, especialista em vergonha e vulnerabilidade, chegou a uma conclusão bem importante, que pode não ser exatamente a sua própria questão, mas é para um grande número de pessoas. Não nos damos muitas vezes o que precisamos pois não nos sentimos merecedores. E não nos sentimos merecedores pois não nos sentimos bons o bastante. Estou falando de uma cultura formada em torno da escassez. Vamos compreender no que isso se manifesta? Escassez: o problema de nunca ser bom o bastante. 

  • Nunca ser bom o bastante.
  •  Nunca ser perfeito o bastante.
  •  Nunca ser magro o bastante.
  •  Nunca ser poderoso o bastante.
  •  Nunca ser bem-sucedido o bastante.
  •  Nunca ser inteligente o bastante.
  • Nunca ser correto o bastante. 
  • Nunca ser seguro o bastante. 
  • Nunca ser extraordinário o bastante. 
A compaixão de si é tão central à nossa felicidade quanto a que nutrimos pelos outros – se não até mais - e, mesmo assim, para muitas pessoas parece tão estranha e desconfortável quanto andar por aí plantando bananeira. Se ainda não estamos acostumados com isso, é necessário começarmos a desenvolver esta prática. Quanto menos autocentrados e mais voltados para o mundo, mais felizes somos, mas a autocompaixão é totalmente diferente de narcisismo. É possível cuidar de si ao mesmo tempo que se está atento aos sentimentos e às necessidades de outras pessoas ao seu redor. Os benefícios para a saúde mental e física que advêm da autocompaixão nos permitem inclusive cuidar melhor dos outros. A autocompaixão tem 3 elementos principais: 

1) Atenção plena é reconhecer as coisas que acontecem sem resistência e sem se superidentificar com o que chega.
 É saber que a mudança é a lei da vida, e que nada do que acontece nos determina. Tem a ver com lidar com os acontecimentos com abertura, receptividade, não-julgamento e curiosidade. Ou seja, você aceita o que vier, para então poder tomar alguma ação a respeito. É importante entender que aceitar o que acontece não tem nada a ver com passividade, pois não é possível transformar sem antes aceitar. Sabe aquele ditado “aceita que dói menos”, pois é, cabe muito aqui. O nosso sofrimento é menor quando resistimos menos a ele e simplesmente aceitamos o que se apresenta, tomando as ações necessárias para lidar com o que vier.

 2) Gentileza consigo, que é o contrário da autocrítica.
 Aqui é importante ressaltar que a autocrítica não é discernimento, pois ele é importante pra distinguir o que é benéfico ou não. Porém, a autocrítica tem a ver com julgamentos moralizadores em que acreditamos que tem algo de errado com a gente, é a voz interna que nos culpa pela experiência que está acontecendo, principalmente quando sofremos. A gentileza então tem a ver com a disposição de um cuidado amoroso, sem cobrança consigo mesmo.

 3) O terceiro elemento tem a ver com o senso de humanidade comum que se contrapõe ao elemento do isolamento, que nos lembra que todos passamos por muitas experiências emocionais semelhantes, o que nos ajuda a conectar com as pessoas. 

Nenhum comentário: