É à conversa com quem nos ama que muitas vezes se faz luz no meu espírito. Necessito de expor verbalmente as minhas angústias, os meus medos e as minhas incapacidades. Parece-me que, deste modo, ficam mais lúcidas, se encadeiam melhor e, algumas vezes, diminuem o peso que carrego.
Outras vezes necessito do reforço de quem me ouve para que tal aconteça. Um destes dias, alguém que prezo muito disse-me - O teu problema é que imaginas sempre que a vida é perfeita, mas a vida não é perfeita para ninguém. Aceita as coisas menos boas porque acontecem a todos nós.
E ... bingo!
É verdade que sempre imagino que tudo vai ser perfeito, é verdade que imagino que a minha bolha não irá rebentar, mesmo que ela já se esteja a desfazer há muitos anos! Se eu considerar que tudo isto é normal, talvez sofra menos com as injustiças, com os acontecimentos que nunca deveriam ter sido, com as palavras que nunca deveriam ter sido ditas, com os gestos que não foram e eu esperava que fossem. Se eu imaginar que a minha própria história está cheia de caminhos cruzados, veredas, atalhos que não deveria ter tomado, momentos maus que me ajudaram imenso a crescer e a tornar-me quem sou, talvez esta vontade férrea da perfeição da vida diminua.
Praticar a lei do desapego! Aceitar tudo o que existe percebendo que faz parte de um circulo muito maior do qual não sabemos onde está a circunferência que o limita.
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