domingo, 19 de janeiro de 2020

10 coisas que sei sobre Pais


O relacionamento entre a Escola e os Pais é alvo de grandes críticas e de uma crispação não conducente a um bom ambiente educativo.
Há algumas regras que são essenciais para que este ambiente se torne agradável e faça com que os Pais e Encarregados de Educação confiem em quem está com os seus filhos a maior parte dos dias e percebam que o que se diz tem como única finalidade  levar a bom termo o processo educativo dos educandos, transformando-os em seres adultos capazes de escolher o seu próprio destino e de integrarem, de uma forma ativa e consciente, a sociedade em que se vão integrar. Deixo alguns aspectos a ter em conta quando se fala com os Pais, fruto da minha prática ao longo de muitos anos e das reflexões que vou fazendo e interiorizando.
1 - Nunca falar com os pais como se de uma conversa informal se tratasse. Não esquecer que somos os especialistas em educação e, como costumo referir, temos milhares de alunos e de situações que servem de estudo e de comparação, enquanto os pais podem apenas comparar com os outros filhos.
2 - Nunca, mas mesmo nunca, referir os nosso filhos como comparação. Entra-se num nível pessoal que nunca é bem visto pelos pais, nem tem de ser.
3 - Falar sempre da Escola como uma entidade educativa, responsável e  com objetivos bem claros.
4 - Mesmo que também nós não tenhamos concordado com algum procedimento de colegas, em frente dos pais, deve ouvir-se com atenção e comunicar-lhes que vamos averiguar o sucedido. Dizer mal da instituição que representamos faz com que a nossa mensagem perca a credibilidade.
5 - Nunca, mas mesmo nunca, dizer a um pai - não sei o que fazer mais, ou não sei o que lhe diga!
 Se nós não soubermos, quem saberá? Os pais esperam soluções para o percurso educativo dos seus filhos. Mesmo que esteja a correr mal teremos sempre de encontrar caminhos paralelos  que os conduzam às suas metas.
6- Mesmo que tenhamos algo muito negativo a dizer de um filho nunca começar o nosso discurso por uma crítica. Cada ser humano tem sempre algo bom a ser comunicado. Só depois continuaremos a conversa com um "mas, ele(a) ...". Verificaremos que, deste modo, os pais estarão muito mais receptivos ao que temos para  transmitir.
7- Nunca esquecer que, embora muitas vezes nublado e pouco estruturado por incapacidades várias, os filhos são sempre o projeto principal dos pais. Se a Escola deitar por terra e criticar apenas este projeto, sem se colocar no papel de coadjuvante técnico e mais conhecedor, desenvolve nos pais um sentimento de crítica, de  frustração e de falhanço o que não é, de todo, vantajoso para nenhum dos intervenientes.
8 - Dar-lhes uma perspetiva de longevidade e em que tudo ainda é possível reforçando a ideia de que o fim do processo se concretiza apenas na idade adulta quando toda a incerteza da adolescência se for e florescer um jovem adulto cheio de qualidades, capaz de escolher o seu lugar no mundo. Muitas vezes, somos tentados a dramatizar a situação quando não é mais do que a rebeldia própria da idade que apenas necessita de ser corrigida. Buscar na nossa história de docentes exemplos de alunos que pareciam ter graves problemas e se transformaram em adultos  felizes e bem sucedidos, poderá dar uma perspectiva no tratamento dos casos actuais.
9 - Mesmo que os pais não sejam correctos na sua maneira de comunicar, nunca perder a calma e educadamente fazer-lhes ver que a Escola é um território educativo que necessita de ser respeitado.
10 -Manter sempre uma atitude  sabedora que transmita aos pais a calma necessária ao trabalho que lhes é pedido.
A praticar.
Boa semana.


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