O ambiente educativo das escolas parece estar pior. Acontecem coisas que há dez ou vinte anos eram impossíveis. Hoje, um aluno de outro ano de escolaridade, abriu a porta da minha sala de aula e começou a falar com o irmão que estava lá dentro ignorando o decorrer da aula, a minha presença e o facto de esta atitude ser completamente fora da caixa.
Ontem, o irmão que pertence à minha turma afirmou, perante um técnico do Centro de Saúde, que a mãe costuma oferecer um copo de vinho a ele e aos irmãos mais novos. Confrontado pelo técnico respondeu:
- É só um copo!
Esta mãe ri-se imenso quando recebe participações porque não percebe o porquê dos castigos. Ri-se em frente dos filhos reforçando comportamentos menos próprios. O aluno tem boas capacidades cognitivas que não desenvolve face aos comportamentos desajustados e aos risos fora de propósito.
A escola, apesar das grades, não é impermeável ao que se passa na família e à sociedade em que nos inserimos.
O que me preocupa enormemente é que sei que há um comprometimento do futuro feito por estas famílias que vivem o dia a dia sem se preocuparem com o modo como educam e preparam os seus filhos para um futuro que se quer risonho.
A diferença entre o hoje e o antigamente?
No antes também existiam famílias permissivas e pouco estruturadas face ao projecto educativo para os seus filhos mas tinham a noção de que assumiam comportamentos pouco desejáveis e respeitavam a entidade Escola e todas as suas regras. No hoje, tudo é aceite e permitido. Tudo é engraçado, a vivência dos dias sem problemas e sem preocupações tomou a dianteira e deixou para trás a responsabilidade dos pais na educação dos seus filhos. O pensamento mágico de que tudo se resolverá tomou conta destas "famílias felizes e sem preocupações".
Até ver!
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