Não necessito de grande aparato. Só de sentir que o meu coração está leve e contente. Há pouco tempo, caía a noite junto à ria de Aveiro, e numa tasca que servia um peixe grelhado divinal, os três irmãos juntos, falámos dos nossos, das nossas memórias, umas coincidentes, outras nem tanto, rimos de algumas anedotas que só nós conhecemos, falámos da importância dos avós nas nossas vidas, na visão que cada um de nós tinha das serranias onde nascemos e vivemos os primeiros anos, no que ficou na memórias das casas que frequentávamos, porque ainda somos da geração que era criada e educada pela família alargada.
Falámos também de coisas mais sérias e acreditem que, muitas vezes durante este jantar com o barulho das gaivotas como fundo sonoro, senti as lágrimas a assomarem aos meus olhos de pura emoção. Sempre soube que os irmãos são isto: os que ficam quando os pais partem e os únicos que viveram em comum tudo o que nos moldou e educou de portas adentro. Tanto que temos em comum apesar das nossas diferenças! Tanto que vivemos com os nossos pais e tanta coisa que se passou depois de deixarmos a casa paterna!
Foi um jantar muito bom. O peixe estava muito bom mas a presença dos três juntos foi mesmo o mais importante!