Hoje procuravam-me por toda a escola porque a A., normalmente muito calma, muito meiga, tinha tido comportamentos estranhos nas aulas da manhã que passavam por bater com toda a força com um boneco na mesa de trabalho, bater com a caneta com toda a força nas mãos e começar a chorar evidenciando uma raiva qque já não cabia dentro dela.
Procurei-a pelo recreio. Fui encontrá-la a chorar e a atirar com força a mochila para o chão.
Depois de muita insistência, consegui saber por que razão estava assim: Estou a sentir uma raiva enorme por não conseguir fazer nada bem. Por não ser perfeita! Na EF tropeço em tudo, nas outras aulas, esqueço-me das tarefas mesmo apontando porque vou perdendo os papéis onde anoto. Não queria almoçar. Levei-a ao refeitório. Não há nada que uma boa refeição não ajude a resolver!
Depois do almoço, levei, para lhe oferecer, uma agenda nova. Em conjunto, traçámos metas para melhorar a parte da organização. Depois, falámos da necessidade de aceitarmos as nossas falhas e compreendermos que ninguém é perfeito. Devemos conhecer os nossos pontos fortes e ampliá-los. Acabámos as duas a rir quando lhe disse que não era bom imaginar como eu era, com a idade dela, nas aulas de Educação Física.
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