quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Avô!














Hoje faz 42 anos que o avô Américo morreu. Era aquele que estava sempre lá, sempre pronto a ouvir-nos e a ensinar-nos. Tinha uma cultura imensa que a todos os que com ele conviviam, espantava. Foi presidente de muitos organismos públicos, dedicou-se às coisas da igreja, tinha imensos amigos que vinham passar com ele tardes inteiras de conversa mas, para mim, era simplesmente o avô! Aquele que tinha um mapa enorme na sala por onde eu viajava percorrendo com os dedos os caminhos desconhecidos. Que me ensinou as primeiras letras e a ver as horas num relógio de parede, que me ajudava com os trabalhos de casa mesmo quando já estava doente. Para mim, a casa de infância é a casa dos avós, onde passávamos todo o tempo porque havia sempre duas almas que nos aturavam e que tinham uma paciência infinita connosco. Era muito linda aquela casa! Coberta de hera que amarelecia com o frio e ficava verde com a Primavera. Quando o avô morreu, fechou-se a casa e a avó veio viver connosco. Ainda lá voltávamos de visita para abrir as janelas e as arcas do enxoval e para que, por momentos, a vida voltasse a entrar. Depois, foi comprada por alguém e tiraram-lhe as heras! Nunca mais lá entrei! Tenho medo que se apaguem ou sejam substituídas as memórias de toda a meiguice e de toda a ternura que senti naquela casa. Guardo-a para mim e volto lá muitas vezes, sonho com o avô a rir-se, a pegar-me ao colo, a embalar-me e a ensinar-me! Sempre a ensinar-me!
Se fosse vivo, teria orgulho em mim e gostaria de saber tudo o que sei e aprendo!
Tempos que já não voltam!

3 comentários:

Unknown disse...

Só lí hoje o que escreveste sob o Avô Américo. Encuanto lembro-me muito pouco dele, tenho muitas lembranças dessa casa. Gustava imenso de ir ao balcão e ver as pessoas passar o um rebanho de ovêlhas descerem das montanhas! Corriamos sempre entre a casa dos Avos a tua casa o até o castelo!
Obrigado pela lembrança. Beijos, Mack

Eulália Tadeu disse...

Olá
Fico contente por estarmos a partilhar as recordações do avô. Com tantos milhares de Kms pelo meio, as raízes estão lá e a casa da infância também perdura nas nossas recordações.
Eulália

Eulália Tadeu disse...

"Eulália. Tentei escrever um comentario no teu blog mas não o aceptava. Ora bem, o que queria dizer . . . Encuanto lembro pouco dele, lembro tão bem a casa dele. Gustava imenso de ir ao balcão para ver a passoas passar o ao por do sol ver um rebanho de ovelhas a descer das montanhas. Que bucólico! Aquela casa era o centro de actividad. Corriamos a casa do padre, ao castelo, iamos beber agua da fonte o iamos a tua casa. Eu sentia liberdad total como uma criança. O mundo era nosso e podiamos imaginar o que queriamos num sitio seguro. Que saudades! "