domingo, 5 de dezembro de 2010

Sentir o Natal



" Longe é o que fugiu de mim!"
Ah! ainda não sei bem porque é que entristecemos tanto quando o Natal aí vem. A gente pára por dentro e ficamos a olhar para um silêncio onde ninguém está. Vemos não sei o quê, uma cadeira vazia, um leito por desfazer, uma ausência, uma distância, um longe de há muitos anos.
Podemos até nem saber, mas o coração começa a chorar devagarinho. Um fiozinho discorre, um resto de fonte que não se vê, mas ouve, só essas lágrimas nocturnas.
Ainda não sei porquê, mas, no Natal, a gente lembra-se muito. Talvez de qualquer coisa que se deixou ficar, que fugiu para longe, que se perdeu no caminho. Talvez uma alegria inocente, talvez um amor, uma paz, talvez até um menino.
Em qualquer tristeza deve-se pegar devagarinho porque pode estar ferida e ter nome de criança.

In De Natal em Natal de Luís da Silva Pereira

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