segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Coisas que me fazem confusão


Quando os meus filhos necessitavam material escolar, já sabiam que rumávamos ao hiper mais próximo para comprar cadernos de capa preta e uns tantos rolos de papel autocolante. Eram os mais baratos mas eles corriam para o monte e traziam tantos quantos as disciplinas. Depois, iniciava-se o período da criatividade. Recortar imagens e logotipos, alguns deles já trazidos para o efeito de outras paragens em época de saldos e de férias. Colavam sobre a capa preta, acrescentavam uma etiqueta com o nome e turma e depois começava o meu trabalho de colocar o papel autocolante (sem deixar bolhas de ar) para preservar por um ano lectivo a obra de arte de cada caderno. Estas tarefas duravam aproxidamente uma semana em Setembro. A mesa da sala enchia-se de tesouras, de cola, de etiquetas e de livros. Os serões eram animados porque cada um deles participava na individualização dos seus materiais de uma forma entusiasmada.
A mochila durava muitos anos! Só quando ficava rota era substituída. Assim como as bolsas dos lápis que passaram para a universidade. Tinham lápis de cor de uma marca conhecida, por imposição das professoras, mas que lhes duraram todo o ensino básico e secundário dentro da sua caixinha metálica.
As canetas eram de estimação e davam sorte em testes de grande ansiedade. Por este facto, passavam também religiosamente de uns anos para os outros até não terem tinta.
Os livros eram novos!
Nunca gastámos muito dinheiro no regresso às aulas! Eles também nunca se importaram muito com isso!
Com o dinheiro poupado nestas modas, puderam frequentar cursos de verão de alemão, aprender piano, ter aulas particulares para aprendizagem do latim porque já não existia na escola, comprar todos os livros importantes que leram durante todos estes anos e viajar e conhecer o mundo.Foi uma boa opção!
O que me faz confusão? Um país em crise onde milhares de famílias circulam pelos hipermercados perguntando aos rebentos birrentos, muitos deles dentro do carrinho para não se cansarem, qual o material que desejam, escolhendo pelo que se gosta e não pelo preço em orçamentos familiares apertados. Deixam passar ao lado, grandes lições de poupança e de gestão do orçamento familiar.
São estas famílias que sofrem e se admiram imenso quando o rebento já crescido exige camisas de 150 euros, porque sim, porque quer andar na moda! E a mãe, que ganha o ordenado mínimo, poupa no essencial para lhe comprar a dita! Casos reais que fazem pensar sobre a educação financeira neste país à beira mar plantado!

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