Quando era pequena, as tardes de Domingo eram passadas em conversas com as mulheres que vinham dos casais e que iam lá a casa acabando sempre por lanchar. Minha mãe ouvia-lhes a solidão e os problemas e tinha sempre uma palavra para cada uma delas. Na penumbra da cozinha, trocavam problemas, carências, dificuldades e saiam, muitas vezes, com sacos de roupa ou outras necessidades.
Perante a grandeza da minha mãe, sempre me meteram muita impressão as falinhas mansas, as conversetas sem fim, as ajudas fictícias, o passar a mão pelo ombro para ficar bem na fotografia e nada mais.
Ajudar o outro é estar lá com uma dose muito grande empatia. Não interessa dizer que se vai. É preciso ir!
Os dias só fazem sentido, se deixarmos de olhar o umbigo e começarmos a olhar e a ouvir os outros muito para lá do que é visível.
Como a minha mãe costumava dizer amiúde:
De boas intenções está o inferno cheio.
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