Quando era mais nova e vivia em Coimbra fui grande consumidora de filmes, alguns deles muito bons. O Teatro de Gil Vicente tinha a preocupação de fazer ciclos de cinema dos grandes realizadores e espetáculos soberbos que eu não perdia.
Vem isto a propósito de um filme de Ingmar Bergman que vi quando tinha 18 anos - A hora do lobo (1968). Naquela altura, impressionou-me muito pela temática e não o percebi muito bem. Hoje percebo perfeitamente este conceito da hora do lobo quando a noite começa a fechar-se e vem a madrugada e em que somos assaltados pelos nossos piores pesadelos. Parece que tudo o que tentamos esquecer durante a luz nos vem mortificar naquele tempo escuro de uma forma ampliada e a nossa mente fica completamente negra. Entre o sonho e a realidade, sentimos os piores medos tornarem-se realidade e depois voltarem para um lugar da mente mais recôndito que nos permite acordar e ver a vida com olhos mais promissores.
Não sei se todos sentem isso mas sempre que a hora do lobo me invade lembro-me do filme, da estranheza que, do alto da minha imaturidade, senti perante tanta angústia e da sensação de terror que o filme transmitia.
Coisas que se aprendem e só se compreendem muito mais tarde!
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