Sou professora há cerca de 35 anos. Sempre gostei de o ser. Gosto dos alunos. Desculpo muita coisa, muito risinho e muitas piadas porque me lembro que não é necessário estar em sentido durante 50 minutos para aprender. Gosto que perguntem, que questionem, que se organizem, que me surpreendam. Passo sempre a bola para o outro lado. Ponho-os a trabalhar, a descobrir, a questionar e eu vou ajudando. Má educação não tolero. Já por duas vezes este ano tive que me impor como faria com um filho meu que me respondesse desse modo. A mim ou a um outro colega.
Gosto de preparar aulas. Imaginar um fio condutor que os levará às conclusões de que eles se spropriarão como se fossem deles.
Gosto de falar com os pais dos meus alunos. De lhes saber as rotinas, os medos, os entraves, do que gostam, do que dizem e do que sentem.
Tenho pena deles quando choram porque um aluno de 12 anos que chora é porque está a sentir-se mesmo mal e triste. Nesses momentos faço-lhes uma festa, dou-lhes apoio e seco-lhes as lágrimas. Talvez só por esse dia mas é melhor que nada.
Mas, actualmente a profissão tem agarrada tanta, mas tanta burocracia, que deixa pouco tempo para tudo o que gosto. Aplicações, procedimentos programados ao pormenor, iguais para todos, sem direito à individualidade, reuniões semanias em duas escolas diferentes, legislação que muda constantemente, o que é hoje, amanhã já é diferente e um sem número de afazeres minuciosos que não servem para quse nada.
Vale-me essencialmente o meu bom senso que consegue prorizar as tarefas que têm efetivamente influência nas aprendizagens dos meus alunos. Priorizar as relaçõs com os pais dos alunos e tentar resolver os problemas que vão surgindo. Priorizar a preparação do tempo com eles e a arte de os escutar.
Ouvir os colegas, trabalhar colaborativamente nas situações de aprendizagem.
Toda a parte burocrática, emperrada, difícil de resolver, cheia de engrenagens ferrugentas vai fcando registada em post its colados na secretária.
Para não enlouquecermos é necessário este exercício diário de saber dar prioridade à parte essencial da profissão. Quero ter orgulho nos jovens que agora moldo e formo.
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