Fala-se tanto em dignificação do trabalho docente! Por vezes, até em demasia. No mau sentido, quanto a mim.
Há anos que tento implementar medidas que vão ao encontro dessa necessidade.
O trabalho principal de um professor é ensinar. Durante toda uma vida ele entra dentro da sala de aula e dá o seu melhor. ensina, faz aprender, conta histórias, relaciona factos, ri com os alunos, repreende-os, grita com eles quando passam as marcas. Um dia apercebem-se que será o último em que entram e em que estão. No dia seguinte ficam em casa. Entraram na reforma!
Nos primeiros tempos aparecem pela sala dos professores mas, quando toca a campainha, os colegas regressam à sala de aula e eles por ali ficam, meio abandonados, até que deixam de ir. Uma ou duas vezes por ano, regressam para o jantar de Natal, a ceia dos reformados e pouco mais.
Tenho o sonho de ainda implementar, nos próximos anos, uma última aula aberta para cada professor que se reforma! Uma aula em que cada um deles, para uma vasta plateia e com grande solenidade, conte um pouco do que foram tantos anos naquele ofício, tantas vidas a passar-lhe por entre os dedos, tantos episódios dignos de um romance, tantas emoções, tantos triunfos e alguns desgostos. Uma aula magistral, uma saída pela porta grande mostrando ao mundo que sai da sala de aula, palco dos seus dias, mas continua válido e sapiente. Uma aula digna e dignificante em que se valoriza quem ensina e quem está. Para que nunca se esqueça. Para que nunca o esqueçam!
Ainda tenho esperança!
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