domingo, 10 de março de 2019

Culturas de Escola


Talvez seja mesmo a característica que mais dificulta a homogeneização dos mega agrupamentos.
Quando se juntam administrativamente  duas ou mais escolas com os mesmos ciclos de ensino e uma história longa que criou uma cultura própria em cada uma delas, é necessário um muito maior esforço e muito maior arte para fundir estas diferentes culturas. 
Como afirmam João Formosinho e Joaquim Machado, cabe ao diretor comprometer-se com uma concepção de escola enquanto organização aprendente e criar condições para que os membros das estruturas intermédias, juntamente com as suas lideranças, concebam, planifiquem e organizem o processo de ensino/aprendizagem dos alunos. (...).
Esta missão do director é uma oportunidade para aprofundar o conhecimento da cultura da escola e para colocar sempre os alunos como principal objectivo, para compartilhar o poder e para valorizar os seus professores, para promover a colaboração (que não a cooptação) e para fomentar um clima e atitude propícios à investigação-acção e à partilha na tomada de decisões, para compreender a cultura da escola e para facilitar meios, para dedicar tempo à interacção com os professores e os alunos e para fomentar o crescimento profissional e a melhoria dos processos de ensino (Fullan &Hargreaves, 2001).
Esta missão do diretor implica que ele se descentre da estrutura e utilize a burocracia como elemento facilitador e não como elemento bloqueador, se oriente para o ensino e a aprendizagem e para as culturas de colaboração e apoio e não para  o controlo e verificação da conformidade burocrática.
Esta missão do director exige-lhe que aprenda a influenciar e a coordenar um processo de mudança não linear e dinamicamente complexo.
Não sendo fácil, torna-se aliciante este desafio de contribuir para o apoderamento, pelos professores, de uma autoridade que se baseia na internalização de ideais, normas e práticas profissionais  comprometidas com a melhoria dos processos de organização do ensino e a responsabilidade colectiva pela aprendizagem dos alunos.

in Equipas Educativas - Para uma nova organização da escola de João Formosinho e Joaquim Machado

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