quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ando a sentir-me órfã


Nunca imaginei que a reforma da minha irmã mexesse tanto comigo! Até andava entusiasmada por ela, pelo tempo livre que ia ter, pelo facto de me poder visitar quando quisesse, de podermos ir passear e por aí adiante.
Um dia, dei-me conta que, nisto do trabalho, tinha acabado de ficar sozinha! Há uns anos éramos cinco professores à mesa em casa de meus pais.  Todos  a darem a sua opinião, a contar coisas que iam acontecendo, a colocar pontos de vista em comum! Era uma algazarra saudável! 
A vida encarregou-se de me deixar sozinha a trabalhar. Acabou a conversa que começava sempre por: Na minha escola é...
Sinto-me mais pobre, mais órfã e mais sozinha. É até muito estranho que a minha irmã não esteja a preparar as aulas e os planos semanais e me dê dicas de como é que faz e me conte histórias engraçadas dos alunos. Acabou mais uma etapa. Vai demorar tempo a habituar-me a esta solidão de pontos de vista. Ainda por cima, estou cheia de saudades dela!
A vida muda e nem damos conta até bater forte nos nossos corações!

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