Esta leitura está a ser intensa. Pelo serão fora, sem conseguir parar de ler, as lágrimas vão e vêm e a saudade queima. O lar é o da minha mãe e todos os espaços descritos são transformados, na minha mente, nos espaços que conheço de cor.
Os nomes são diferentes e a história também é outra mas quando a personagem nos transporta pelas recordações e objectos da casa dela, uma emoção muito grande toma conta de mim. Já não sei se pela minha mãe, se por mim, se pela vida, se por este espaço de tempo em que aqui andamos que parece tão importante e acaba para todos de igual modo.
Por isso já não me importo com coisas pequenas, com tricas de quem ainda não viveu o suficiente para saber que a velhice traz a sabedoria necessária para ver com clareza que tudo se resume a muito pouco.
Ontem, passei a tarde com uma amiga de longa data. Ambas beirãs, com muito em comum. Revivemos tempos em que fomos colegas e pessoas que ambas conhecemos. Uma sensação de vazio tomou conta de nós. O que era e como tudo se transformou. O que pensávamos e o que era na realidade!!Ela anda a aproveitar bem os tempos em que não conseguiu fazê-lo. Eu fiquei a pensar na coragem dela, mais velha do que eu, e na vontade férrea que sempre teve e a trouxe até aqui. Bom exemplo a seguir.
Antes de seguir, como ela própria o disse, para a tal residência onde todos chegam no dia a isso destinado. Foi um dia nostálgico, o dia de ontem! Com alguma descrença no ser humano. Nascemos sós e morreremos sós. Tudo o resto, é só ilusão!!