segunda-feira, 25 de abril de 2016

Fui ver a mãe

 A nova cerejeira que o meu pai plantou 
A velha cerejeira que dava cerejas pretas, grandes, tardias  que encheram a minha infância e adolescência.
 
Que ora me conhece, ora me confunde! O mundo dela é muito difícil para mim! Mexe com a minha alma. Umas vezes mais profundamente do que outras. Uns dias aceito bem a degradação, outros dias olho para ela e já não vejo a minha mãe. Uns dias apetece-me a sua pele, o seu calor, sinto a leveza e a urgência dos momentos como estes, noutros dias sinto que já não é o calor dela, é só uma ténue sombra da força que ela teve e essa força faz-me muita falta. 
Uns dias aceito, outros dias revolto-me. Uns dias encontro-lhe os gestos de sempre, e rio-me com eles e outros dias em que só esses gestos já não chegam, fico triste e sinto-me orfã!
Hoje, foi almoçar a casa. Almoçou connosco, no sítio onde crescemos. Ela tão distante dos outros tempos! Tudo tão diferente!
A lenta morte dela vai sendo também um pouco  a minha morte!

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