Hoje apetece-me ir buscar a que ainda mora dentro de mim!
Sempre fui uma criança feliz! Não necessitava de grande atenção porque sabia que andava ali por perto muita gente que me amava e tomava conta de mim. Gostava de brincar sozinha embora, por vezes, a companhia das amigas com a mesma idade, tornassem a brincadeira mais apetecível mas, rapidamente, voltava aos meus cozinhados, ao meu jogo da macaca solitário por vontade própria e às minhas conversas com alguém imaginário que nem necessitava de responder.
Era muito observadora e nada me passava despercebido. Os carreiros das formigas entretinham-me durante muito tempo e imaginar as suas "casas" subterrâneas ainda mais. Vivia em harmonia com a natureza, ao sabor das estações, vivendo Verões sem fim com tudo aquilo que traziam. No Inverno, recolhíamos ao lar e à lareira. Tempo de conversas, de opiniões diferentes, de resolução de problemas onde fui aprendendo a ser consensual. Cada um é a sua condição e é bem verdade!
O que me ficou como recordação? A sensação de uma liberdade sem fim, uma felicidade sem grande alarido e a certeza de ser muito amada.
Dia de recordar a minha mãe. A postura dela de sempre me ter responsabilizado pelas minhas acções trouxe-me um sentido do dever, uma maturidade e uma vontade de fazer bem feito que ainda me acompanha. Dizia ela: quem não se guarda por si, não é bem guardado! Grande verdade!
Encontrei cravinetas no mercado. Lembrei-me novamente de ti, minha mãe, através delas e de quanto gostavas do cheiro que tinham. Trouxe dois ramos. A casa cheira a cravinetas e a ti. Ajuda o meu pensamento a voltar aos tempos felizes da infância e a ti, cheia de vida, de entusiasmo e de orgulho nos filhos que Deus te deu.
Sou ainda a tua filha mais nova e pequenina. Habita em mim! Umas vezes mais escondida que outras.
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