Foi assim num ápice. Fecharam as escolas e agora começam a trabalhar com os alunos a distância. Só hoje tive tempo de procurar bibliografia extensa sobre o assunto, só hoje li, reflecti e concluí que a minha experiência ia, algumas vezes, ao encontro da teoria mas ficava, por muito recente e incipiente, muito aquém do já testado em anos e anos de estudo feito por quem sabe.
Deixo algumas reflexões da minha experiência e possíveis caminhos em direção ao futuro.
- A sala de aula é realmente um espaço emotivo, afectivo e que faz muita falta a todos os envolvidos. Tive saudades deles!
- Comecei por enviar trabalhos longos com baixo nível de dificuldade para irem executando durante toda a semana. Os alunos não fizeram isso. Na hora destinada à minha disciplina, deitaram-se ao trabalho e queixaram-se da extensão da tarefa!! Explicação mal feita da minha parte, formatação da mente ainda na sala de aula normal. Os alunos também.
- Necessidade de explicar muito bem o que se pretendia.
- Continuar os métodos utilizados nas aulas presenciais e com que eles já estavam familiarizados. Fichas de investigação com pesquisa no livro e em power points. Comentários a filmes.
- Alguns alunos não tinham a tecnologia necessária, nem às horas pretendidas para a realização das tarefas.
-Alunos muito irrequietos, pouco motivados, pouco interessados e perturbadores foram os que se mostraram mais motivados no ensino a distância, entregaram os trabalhos a tempo, questionaram, tiraram dúvidas e conseguiram surpreender-me.
- Os alunos mais estruturados em sala de aula, que realizavam todas as tarefas de forma irrepreensível, demonstraram alguma insegurança, algum atraso na realização e alguma confusão.
Para o futuro:
- Será importante planificar todas as tarefas de forma cuidada e meticulosa tendo em conta os materiais que temos à disposição. Estas tarefas devem abranger os conteúdos ainda não lecionados.
No inicio do período dever-se-á ter planificadas todas as tarefas divididas por pastas que contenham o título, a informação aos alunos e os materiais a utilizar.
-As tarefas devem ter, à medida que decorre o período, um nível crescente de autonomia e que implique que os alunos comuniquem uns com os outros de modo a manter o contacto social mesmo que à distância.
-Devem ser consideradas tarefas que permitam uma avaliação das aprendizagens realizadas.
- A programação deve ser enviada semanalmente de acordo com o número de horas da disciplina, com tempo de entrega que poderá não ser igual para todos os alunos. Um aluno que tenha computador pessoal e internet ilimitada não tem as mesmas condições que um aluno que partilhe o computador com dois irmãos e a internet falhe a toda a hora.
-Deve ser utilizada a mesma plataforma para não aumentar a confusão e o ruído.
-As tarefas devem ser diversificadas, podendo ser de pesquisa, de consolidação, de experimentação, de observação, desde que devidamente explicadas.
-Devem ser registadas todas as interações dos alunos com o professor, as dúvidas apresentadas, as dificuldades e o trabalho executado. Um documento excel servirá para acautelar todas estas informações..
-.Deve haver um contacto mais directo e frequente com os alunos podendo mesmo envolver os pais e encarregados de educação sempre que o aluno não cumpra as tarefas apresentadas ou não responda quando questionado ou simplesmente para dar um feedback positivo do trabalho realizado pelo educando.
-Deverá ser criado um canal para contacto dos encarregados de educação com o professor sempre que algo não esteja a correr bem.
Depois destes 15 dias, de muita hesitação e de trabalho moroso por falta de prática deixo as três dicas mais importantes:
-Não respeitar o horário do aluno mas trabalhar com o espaço de uma semana ou mais de modo a poderem organizar-se com as famílias, face aos recursos que têm.
-Trabalho colaborativo o mais possível. Trocar materiais, trocar impressões, estratégias, descobertas.
- Planificar exaustivamente. Planificar. Planificar!
E é isto!