quinta-feira, 26 de março de 2020

Que tempos estes!



Em que temos medo uns dos outros, em que se apedrejam pessoas de lares de idosos porque não se querem ali porque estão infectados com o tal vírus! 
Os dias custam a passar, porque não conversamos, não trocamos ideias e não nos viramos para fora. Estamos recolhidos nos nossos problemas, nas nossas dúvidas, na nossa filosofia barata que tenta dar sentido a tudo isto. Tudo se avoluma e o dia de amanhã deixou de existir programado por um " e se..."!
Frases bombásticas enchem as redes sociais: daqui vai sair um país novo, uma sociedade mais justa, mais tolerante, mais unida!
Duvido!
Vai voltar tudo ao mesmo só que com muito mais medo! Os apertos de mãos já não serão tão firmes e, se pudermos, evitaremos o beijo ou o abraço que não fazem falta. As distâncias sociais vão aumentar e só lá muito mais para a frente, quando as nossas mentes se esquecerem que estivemos a uns passos de sermos contaminados, os actos sociais voltarão à normalidade. Se eu verei ainda? Tenho as minhas dúvidas! Vai demorar muito tempo a sanar a desconfiança do medo.
Vamos ser muito mais caseiros, mais ecológicos, mais virados para dentro e mais fechados.
Vamos perder muito do que tínhamos até aqui: reuniões familiares,  almoços de amigos, compaixão, amizade, cafés pela tarde dentro, estar lá para  o outro e muita sabedoria. 
Eu, pela minha parte, continuo a viver um sonho, ou pesadelo, como lhe quiserem chamar. Habituei-me aos dias, às novas rotinas mas ainda não acredito que não posso prever o dia em que poderei sair de casa. Só muito mais tarde, (como eu me conheço bem!) vou entrar em stress, vou rebobinar tudo isto como elemento do filme, sofrer para caramba e traumatizar. Por agora, continuo como espectadora! 

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