sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Dias bons e curtos!
6ª feira! Começo a manhã por socorrer o J. que estava com dor no peito. Faz respiração abdominal, não te enerves, continua a respirar assim. Corrida ao processo dele para verificar se algo me tinha escapado e alguma doença estaria já diagnosticada. Não estava. Voltar para junto dele, passando pela turma onde a psicóloga do projecto "Inclusão para a cidadania" trabalhava com os alunos o tema do relacionamento interpessoal. Falar com a psicóloga do Escola que é um doce e se disponibizou para acompanhar o J. ao hospital para explicar toda a situação.
Aula de Matemática. Aula de Estudo Acompanhado. Encontro com o R. na Biblioteca porque me pediu ajuda na organização do portefólio. "Não sou capaz sozinho, professora..."
Regressei a casa às duas, carregada com todo o material para a preparação da reunião intercalar da próxima semana, com o computador que tive que levar por já ser impossivel requisitar um só com 24 horas de antecedência, e com a minha pasta cheia de fichas para corrigir durante o fim de semana.
Partida para Coimbra para visitar os pais. Fazer surpresas boas.
Quando cheguei a mãe estava no supermercado. Fui ter com ela. Sorriso lindo quando me reconheceu ao encontro dela. Abraço apertado e o dia ganho!
Regresso, já de noite, a casa. Horas de jantar com os meus filhos que regressaram para fim de semana. Vem-me à memória a canção que cantavam às sextas quando regressavam da escola:
Hoje é sexta-feira
dia de alegria
amanhã não há escola
nem no outro dia!
Bom fim de semana!
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
A avó.
Já passaram 25 anos! Quando se aproxima o 1 de Novembro, voltam as memórias com força e a saudade doi mais fundo! Talvez por ser Outono e as folhas amarelas que esvoaçam pelas ruas me fazerem lembrar tempo de castanhas, de milho ao sol, de taças de marmelada que endurecem à janela. Foste tão importante para mim! Ensinaste-me tanto! Amaste-me e fizeste-me mais forte.
Voltaram novamente os cogumelos, o vento forte substitui a brisa, os lobos, se existirem, ficarão com fome e entrarão novamente nas histórias das crianças. Só tu não voltas com o Outono! Continuas a fazer-me tanta falta!
Dias longos.
Há dias que parece que não acabam. Pela angústia que se instala, por tudo aquilo que não se consegue resolver, pelo desânimo que vence. Hoje é um dia assim! Piorou com a participação de uma mãe numa reunião de professores. A filha não quer fazer nada! Aborrece-se, é tudo muito chato, prefere olhar pela janela para tudo o que se passa lá fora. Desde o início do ano tem sido uma batalha para que trabalhe, se interesse, progrida. Não concebo uma aula em que alguns não trabalhem, não se esforcem e eu não faça nada. A Escola pode dar muito mas acima de tudo estão as aprendizagens. Quero transmitir aos meus alunos que a tenacidade é boa e que na vida nada vem sem esforço. Não gosta, tem de se esforçar mais. Estamos na escolaridade básica onde se adquirem as competências básicas que lhes permitirão seguir em frente.
A mãe não concorda: Não gosta, porta-se mal, não realiza trabalho! O problema está no professor!
Costumo dizer que muitas vezes quando se conhecem os pais, se desculpam muitas das atitudes dos filhos dentro da escola. Continua a ser verdade!
domingo, 26 de outubro de 2008
Rir de nós próprios
Este ano iniciei em Setembro um ano de ginásio! Boas intenções que não se compadecem com a falta de tempo e de disponibilidade. Mas tenho cumprido. É um confronto diário com as minhas incapacidades e com a necessidade de não deixar avançar a ruína física. Nas aulas encontro-me com gente muito mais jovem que faz muito mais e melhor do que eu. Que fazer? Rir de mim própria! Da minha falta de elasticidade, de não consegir correr ao ritmo dos outros, de ficar de língua de fora ao fim de pouco tempo. Mas, mesmo rindo, pensar que posso melhorar. Aproveitar os momentos relaxantes para me sentir melhor, nadar no silêncio e pensar na vida, no que tenho que realizar.
sábado, 25 de outubro de 2008
Tanto trabalho
Início de fim de semana. O filho mais velho em Toledo numa prova de Orientação. O mais novo chegou com uma mala cheia de livros. Tem de fezer dois trabalhos. E temos de encapar uns tantos livros porque vão ter de durar muitos anos! Rituais de inicio de tantos anos lectivos que ainda se prolongam para os tempos da universidade! Acho graça!
Tenho de fazer tanta coisa! Preparar a reunião intercalar da minha turma. Tanta coisa a dizer, tanta coisa a calar! Sinto-me tão impotente com tanta desgraça que espreita por entre os muros da intimidade familiar! E eu a tentar aliviar, a tentar que a Escola seja o mar da esperança para tantos olhos doces que não têm culpa do que vivem. Tantos momentos em que acho que não vou conseguir! E a frase amiga de quem sabe e tem mais experiência: Ainda é cedo. Dá tempo ao tempo!
E as minhas mãos nas deles, acalmando, tentando dar força e coragem, fazendo-os acreditar.
" O meu pai, dá-me porrada se eu não tirar positivas"! E choro, e dor no peito, e falta de apetite e olhos tristes que até faz dó. Foi assim que ontem, procurando-o pelo recreio o fui encontrar, encostado a uma parede a chorar! Tem 10 anos e uma vida pela frente!
E o C. que faltou à consulta de psiquiatria, tão importante para ele, porque não tinha transporte! E não me disse nada! Porquê C.? "Não queria que se incomodasse!" Mas eu queria ser incomodada, queria que tivesses ido à consulta, queria levar-te comigo porque sei que é preciso voltar a sorrir e a acreditar.
A menina de olhos lindos que continua a falar alto, a provocar a vida, a provocar-se a si própria e à sua incapacidade de seguir em frente. E os beijos ternurentos logo pela manhã que me dão coragem e força para continuar a lutar por ela.
Ontem comprei guloseimas. É tradição, por estas bandas, os meninos pedirem bolinhos pelas portas no dia 1 de Novembro. À espera da aula de sexta feira, tenho 20 saquinhos de doces. A vida também se faz destes momentos.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Não há tempo para tanto!
Ontem, reunião de Directores de turma. Ou mangas de alpaca como alguém nos chamou noutro blogue e com razão. Papeis, papeis e burocracia. Hoje iniciei a manhã a fazer uma lista enorme de tarefas que tenho que realizar. No meio de uma página A4, duas ou três contribuem para melhorias nos meus alunos! Não é triste?
Não há tempo de qualidade nas Escolas. Tempo para dedicar a uma análise séria dos caminhos a seguir e para planificar o trabalho com os alunos de uma forma concertada e profícua. Fico sempre com a ideia de que não estou a cumprir, que estou atrasada em algo que nem sei bem o quê.
Ontem recordava com colegas os tempos de há 20 anos nesta mesma escola em que tinha 8 turmas, 2 direcções de turma, não havia as tais áreas não disciplinares, mas era um prazer dar aulas, estar com os alunos que gostavam das aulas, dos professores e para quem a escola fazia sentido. Encontro esses antigos alunos muitas vezes. Recordam as aulas de campo, os passeios a pé para visitar as fábricas da região, as visitas de estudo em que planificava com eles piqueniques gigantescos em que ninguém se esquecia do que deveria levar para colocar na mesa. Escolas onde havia tempo para os alunos, para a conversa sem hora marcada, para fazer a diferença, para servir de exemplo.
Tudo morreu. Todo o meu tempo escorre entre papeis, grelhas, objectivos e percentagens de sucesso. Estamos no tempo do parecer e não do ser. É pena!
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
avaliação dos alunos
Tenho duas horas para elaborar quatro testes de Matemática para a minha turma do 5º ano. São 20 alunos e quatro testes diferentes! Cada um deles adaptado às necessidades de cada um dos alunos que evidenciam alguns problemas na aprendizagem.É pouco tempo para tanto! Poucos sabem as horas passadas a analisar relatórios médicos, recomendações, caminhos a seguir. Estes alunos não se compadecem com as horas de trabalho burocrático que crescem na vida de qualquer professor. 2ª feira, além das aulas, duas reuniões. Cheguei a casa às 19,30H. 3ª feira depois das aulas, tutorias e acção de formação para professores de matemática. Cheguei a casa às 19.00H. Hoje, duas horas para preparar os testes e reunião com a psicóloga para preparar o treino de competências sociais a ser aplicado à turma. Logo a seguir, reunião com uma colega para elaboração de uma acta de reunião de pais. Á tarde, reunião de directores de turma. Onde está o meu tempo para analise, reflexão e preparação das minhas aulas adaptadas aos alunos que tenho com imensas dificuldades, com histórias tristes que quero transformar em sorrisos e em efectivas aprendizagens? É por isto que ando angustiada, sempre com trabalho em atraso, sempre com listas de afazeres que nunca são cumpridas atempadamente. Não tenho tempo para pensar na minha avaliação! E não penso! Porque não tenho tempo para isso!
terça-feira, 21 de outubro de 2008
aulas de Matemática
Há dois anos fiz o primeiro ano de formação para professores de Matemática. Gostei imenso. Deu-me uma visão diferente do ensino da Matemática. Obrigou-me a pesquisar, a comparar sitemas de ensino, a ler muita bibliografia. O horizonte alargou-se. Este ano, como tenho uma turma do 6º ano, planifiquei as minhas aulas de encontro aos novos objectivos da educação matemática. O inicio foi por vezes desanimador. Algumas aulas em que parecia que nada avançava, que nada aprendiam. Aulas com um esquema totalmente diferente em que me sentia estranha e desconfortável. Valeu a experiência paralela de outros colegas para continuar e as certezas que fui construindo de tudo o que estudei e investiguei.
Hoje tive a recompensa. Perante vários problemas matemáticos nenhum aluno desistiu, nenhum achou dificil ou impossível. Ninguém deixou de colaborar, de dar a sua opinião. A M. pediu para ficar sozinha. Gritava de alegria a cada obstáculo vencido. Todos resolveram os problemas. Pediram mais para levar para casa.
Estão diferentes. Há dois anos, ouvir-se-ia metade da turma a gritar: não consigo, não sei fazer, desisto.
Fico feliz por pensar que talvez tenha contribuido para essa diferença. Que mudando o meu papel, possa ter mudado o deles.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Dias cheios
Ontem fui a Lisboa com o meu filho que foi participar na corrida do Tejo. Troquei um passeio à beira rio por umas horas de organização na casa de Benfica. Por ali fiquei a limpar, a aspirar, a por ordem no caos de uma casa onde só se chega à noite cansado de estudar. Mãe é mesmo assim. Tira prazer destes gestos mínimos, deste fazer por eles. Sei que à noitinha, quando regressarem, se vão lembrar de mim e dos meus mimos.
sábado, 18 de outubro de 2008
Fim de semana
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Plano Nacional de Leitura
Aula do meio dia. Alunos agitados. Hoje vamos ler a obra "Ulisses" de Maria Alberta Menéres. De quem ? Espaço para explicar quem é a autora e a sua obra.
Este livro fala de aventuras!! Que bom professora! Eu gosto de aventuras! De livros de terror também!
Abrimos os livros e o silêncio instala-se. É sempre mágico ler com os alunos. As suas caras reflectem as emoções: Meios sorrisos, espanto, virando as páginas com impacência para ver o que vem a seguir.
Quando tocou nem queriam acreditar. Já? Pensava que ainda faltava tanto tempo!
A magia dos livros instala-se sem pedir licença e é sempre diferente.
Para os que pensam que ler com os alunos é perder tempo, fica a sugestão de o tentarem numa das próximas aulas.
O prazer de ler! Tão fácil e tão dificil, por vezes, chegar lá.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
E mais outra reunião!
Hoje é a reunião de Departamento. Imensa gente! Não há espaço para uma análise profunda dos assuntos a tratar. Os mais novos, talvez com boas ideias, nunca têm espaço psicológico para expor as suas ideias. Permanecem calados e tomam apontamentos. Alguns dos mais velhos vão tentando estar atentos e seguir o fio à meada. Hoje vamos falar dos critérios de avaliação! Tanto a dizer! Tanto a ouvir! tanto a pesquisar! E assim vão as nossas escolas.
Ontem a reunião com os pais correu muito bem. Atentos, perceberam a minha mensagem que deverá ser a mensagem de todas as escolas:
Estamos aqui para, em conjunto, delinear o futuro dos vossos filhos. Não estamos contra eles. Nunca pensem isso por favor. Só que enquanto vocês têm dois ou três filhos, nós somos especialistas, com muitos anos a observar crianças que se vão transformando em Homems e temos obrigação de alertar, de mudar comportamentos, de chamar-vos para, em conjunto, traçar metas e definir estratégias.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
E mais uma reunião!
Desta vez é uma reunião com os pais. Estou há três horas a prepará-la! Quero que o discurso dignifique a Escola de que faço parte há 22 anos. Sei o que hei-de dizer porque consigo colocar-me no lugar dos pais e sinto o que quereria ouvir.
Gosto destas reuniões. Gosto de ouvir os pais sobre as suas lutas, as dificuldades e muitas das vezes, em conjunto, conseguimos traçar uma estratégia. Percebo melhor os meus alunos. Conheço-os noutros ambientes, muitas das vezes cheios de problemas que nem eu sei se conseguiria ultrapassar. Muitos deles são uns heróis do dia a dia. levantam-se de noite e de noite chegam a casa, cansados do barulho, dos autocarros, das luzes, da mochila...
E no dia seguinte tudo recomeça.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Reuniões!!
Estou morta. Vou lanchar e descansar um pouco a cabeça porque 21 fichas de trabalho me esperam para corrigir durante todo o serão. Tenho de as entregar aos alunos do 6º ano com as minhas anotações para que amanhã, na aula, possam tirar as dúvidas que ainda existem e avançar.
Tive reunião de trabalho toda a tarde. Gosto deste grupo de trabalho. São todos muito empenhados e com vontade de fazer bem feito. Gosto destas análises que fazemos, destas ideias que trocamos, dos risos e das piadas. Amanhã tenho reunião com os pais ao fim da tarde. Tenho ainda que fazer uma lista dos pais com quem preciso de falar em particular para adiantar trabalho e não terem de vir tantas vezes à escola. Tenho de rever a legislação (tanta legislação!!) para poder responder com correcção às perguntas deles.
Tenho de preparar o discurso para que, embora dizendo a verdade, não deixe mais amargurados os pais dos alunos com problemas. É necessário incutir esperança, apontar caminhos.É preciso que sintam que estou do lado deles e não contra eles.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
6ª feira - Um dia diferente!
Hoje ia um pouco desiludida para a Escola. Ontem foi um dia terrível de notícias negativas sobre os meus alunos. Percursos que se tentam inverter e não se consegue. Começou com a turma do 6º ano que não trabalhou na aula, que se recusou a aprender, a aceitar os desafios que eu ia propondo. A seguir, ao falar com o Ricardo, apercebi-me que não estava nada bem psicologicamente. Falei com a mãe que confirmou as minhas suspeitas. A aula de Estudo Acompanhado também não correu bem. A R. resolveu falar alto, chamar a atenção, não trabalhar, bater com a bolsa dos lápis na cabeça do colega. A R. tem uma situação de vida muito complicada que é preciso compensar no tempo em que permanece na escola. O Nuno, depois de lhe ter ensinado onde era a sala do apoio e a que horas deveria ir ter com a professora, foi para casa e faltou.
Quando acabaram as aulas fiquei a falar com a R. sobre a necessidade de se portar bem. Combinámos que hoje assinaríamos um contrato em que estaria escrito tudo a que nos propunhamos.
À noite estava cansada de tanta luta. Desiludida. Mas o que é que eu ando a fazer? Eles não querem! Não consigo mudar o mundo!
Hoje comecei as aulas com uma R. transformada em doce. Ó professora quando é que assino aquilo para me portar bem? Eu sei que não vai ser para sempre e vou ter que falar muitas vezes com ela. Mas a vontade existe. A R. tem uns olhos lindos!
Logo a seguir a aula de Matemática correu lindamente. A aula da turma de 6º ano foi a cereja no topo do bolo: Trabalho de pares para resolver situações problemáticas que envolviam a noção de fracção. Todos a trabalhar, a trocar ideias, a apontar caminhos. Fiquei feliz. MEsmo muito feliz. A T. a melhor aluna, pediu para ficar com o M. que na última aula se tinha recusado a pensar e a realizar trabalho. E o M. ouviu as explicações.
No final, estávamos felizes. Que boa maneira de começar o fim de semana!
Os alunos têm destas coisas: Conseguem, por vezes, surpreender-nos.
Hoje chegam os meus filhotes!
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Objectos
Gosto das histórias dos objectos. Gosto de olhar para eles e lembrar-me de pessoas e de lugares. Por vezes, as emoções são tão fortes que até sinto os cheiros.
Ficam dois deles.
O boneco de neve foi-me oferecido pela Ana no último Natal. Desde pequena que me oferece um presente no Natal acompanhado de muitos beijinhos. Começou pelos desenhos, que eu guardo nas caixas da memória e este Natal, ofereceu-me este bonequinho que permanece sentado junto aos meus CDs. Lembra-me a ternura da minha sobrinha e o quanto eu a amo.
A taça amarela e azul foi feita pelos meus filhos com papel de jornal e depois pintada. Foi um presente que fizeram para oferecer ao pai, no regresso de uma das suas viagens. Olhar para ela, faz-me recordar o tempo que passaram a fazê-la e o entusiasmo que sentiram por poder dizer ao pai o quanto o amavam. são objectos com histórias dentro. Momentos que marcam uma vida e vão construindo uma família.
Ambientes de escola
5ª feira, 8,35h da manhã em frente a uma escola secundária. Uma fila enorme de carros teimava em não andar. Adivinhei que eram os pais a deixar os filhos nas escola e olhei institivamente para o relógio. Mas que fazem estes jovens dentro dos carros com uma manhã linda, a 100 metros do portão da escola e atrasados mais de 5 minutos? E os pais? Será que não os mandaram sair a correr muito para que cumprissem com as horas e não fossem repreendidos? Nada aconteceu. A fila andava devagar e só quando em frente do portão saíam os jovens em passo lento e dengoso! Cada vez mais atrasados!!
O outro dia, em conversa com um empresário, fiquei a saber que um dos grandes problemas das empresas é que alguns dos seus trabalhadores nunca chegam a horas o que atrasa o trabalho e diminui a produtividade. Estes trabalhadores têm dificuldade em manter os empregos porque os patrões os despedem com mais facilidade.
Hoje percebi onde aprendem esses trabalhadores: Na Escola do facilitismo, do deixa andar. Na escola que se quer implantar, consciente ou inconscientemente. Na Escola pública que os docentes querem salvar a todo o custo mas que pouco a pouco caminha para o abismo.
Visita
Ontem, aproveitando um tempinho livre, fui visitar os meus pais que já não via há algum tempo. Tira-me o sono esta falta de tempo para eles e para os seus problemas. Há dias em que me doi a saudade que tenho deles e do convívio com eles. Fazem-me falta as suas conversas, as risadas da minha mãe, os pontos de vista de quem já viveu muito e sabe o que diz.
Sentamo-nos à mesa de camilha e falamos, falamos...de nós, dos tempos passados e no meio das palavras sinto sempre o mesmo: Só ali consigo ser inteira. Sem disfarces, sem precisar das palavras. Bastam-nos os olhos, os gestos e os silêncios.
Quando regresso, tenho mais força, mais maturidade para enfrentar as dificuldades. Sei que a uma hora de caminho estão sempre duas almas que me admiram incondicionalmente. É tão gratificante!
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Tutorias
3ª feira é dia de me encontrar com os meus meninos de que sou tutora.
Falar com eles e auscultar-lhes as penas e as incapacidades. Descobri que o Zé não sabe ver as horas. Por isso passa o tempo a perguntar que horas são! Ensinei-o e amanhã tenho de verificar se ainda sabe.
O João contou que este ano gosta muito da escola. E o ano passado? Por que razão não gostavas? Sabe professora, foram muitas mudanças, era tudo muito diferente e eu perdi-me. Foi pena porque é um menino bom e responsável.
E tiveste pena de ter ficado retido?
Então não tive! As minhas férias não foram nada boas sempre a pensar nisto e a ver os meus amigos a progredirem e eu a ficar na mesma!
Deixa lá João. Fizeste uma aprendizagem e isso é importante. Vamos ajudar-te para que nunca mais volte a acontecer.
Vou deixar de ter estas horas como professora tutora mas vou continuar a encontrar-me com estes meninos. É tão bom conversar com eles, dar-lhe reforço positivo, sentir que posso quebrar este destino de insucesso a que alguns parece que ficam agarrados.
Como diz Nuno Lobo Antunes no seu recente livro "Sinto Muito" - " O insucesso cria um círculo vicioso que gera mais insucesso, descrença, frustação."
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Rituais de fim de semana
domingo, 5 de outubro de 2008
trabalho colaborativo
Estas férias, em Barcelona, passei algumas tardes a pesquisar nas grandes livrarias temas do meu interesse. Um dos livros que comprei, "El trabajo en equipo del profesorado" de Joan Bonals aponta muitas pistas de como melhorar o trabalho colaborativo nas escolas.
"La docencia implica en si misma el trabajo en equipo del professorado. La capacidad para trabajar en grupo de manera operativa y para conseguir que las relaciones interpersonales sean gratificantes y fructíferas requiere la toma de consciencia de sus integrantes, asi como afrontar los posibles problemas que pueden surgir, de manera metódica, eficaz y positiva."
Seria muito bom que se tornassem mais eficazes as intermináveis reuniões de Conselho Pedagógico, de Departamento ou de conselho de turma. O livro aponta ideias e estratégias.
A ler.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
voando sobre um ninho de cucos!
Vi este filme há muitos anos. Gostei. No mês passado revi-o com o meu filho! Profundo! Afinal quem são os loucos?
Saliente-se a interpretação soberba de um dos meus actores favoritos. Um hino à solidariedade, à amizade e sobretudo uma grande lição de humanidade.
Saliente-se a interpretação soberba de um dos meus actores favoritos. Um hino à solidariedade, à amizade e sobretudo uma grande lição de humanidade.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Materiais
Para as aulas de Matemática utilizo muitos materiais que permitem que os alunos concretizem os seus raciocínios. Por vezes, há a ideia de que só os materiais comprados, normalmente mais caros, podem servir. Deixo dois exemplos de materiais feitos por mim para ilustrar dois problemas matemáticos. Um dizia respeito a uma caixa cúbica decorada com joaninhas e outro a um bolo de chocolate que tinha sido recoberto com creme. Para os alunos que ainda não conseguem um bom grau de abstracção, estes materiais são uma ajuda preciosa para a compreensão.
As saudades dos meus filhos
Pois é! Estas ternuras cresceram, abriram as asas e voaram. Ainda bem que os ensinei a voar, a apanhar as correntes da vida, a planar, a fazer voo picado quando for preciso. Lá andam por outros caminhos que não os meus mas que eu vou calcorreando através dos olhos deles e das suas vivências. Tenho saudades das rotinas, daqueles gestos a que ninguém dá valor como vê-los a descer a rua à hora do almoço em direcção a casa. Saudades das piadas, dos olhares, do cheiro, dos risos...
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
A Escola de que tenho saudades!
Há uma escola de que tenho muitas saudades. Uma escola em que se realizavam actividades pelo prazer de proporcionar aos alunos novos desafios e novas vivências. Uma Escola em que todos trabalhavam em conjunto,se fosse preciso, pela noite dentro. Uma Escola em que se acreditava que era possível mudar o mundo através da educação e que os nossos gestos poderiam fazer a diferença nessa mudança. Uma escola em que era valorizado o trabalho sério e o esforço de cada um.
Ficam as fotos de uma noite mágica em que fizémos o lançamento de um novo livro do Harry Potter. Mágica pela decoração, pelo esforço de todos, pelo brilhar nos olhos dos alunos e pais. Não há avaliação possivel de uma noite assim em que o apagar das luzes se funde com "missão cumprida"!
Escolas nos Estados Unidos
Em 1998 visitei esta escola numa cidade da costa leste a uma hora de New York. Como se vê, as diferenças são muitas à distância de 10 anos. Na altura, era Coordenadora da Biblioteca Escolar e fui visitar a escola mais para conhecer a biblioteca. Fui recebida por um professor nomeado pelo Director para me mostrar a escola e as aulas que decorriam. Trouxe algumas ideias que implementei com êxito. Fica a reportagem.
Duas grandes amigas!
Vão achar horrível aparecer no blogue mas tinha de ser. Uma homenagem a duas grandes professoras, atentas aos problemas dos seus alunos. Têm feito milagres, cada uma na sua área. Para além de tudo isto, vêm bater-me à porta todos os dias à tardinha, para uma alegre caminhada de uma hora. Ecoam os nossos risos pela cidade e paralelamente traçamos metas para os próximos dias.
Foi há oito anos!
Ainda ninguém conhecia a ministra da educação e as suas reformas. Não se falava do plano tecnológico e nas minhas aulas de Matemática já se trabalhava em grupo utilizando materiais muitas das vezes construídos pelos alunos. Já eram obrigados a pensar, a colocar hipóteses e a defender os seus raciocínios. Tenho saudades destas aulas e destes alunos. Sem pressões e sem avaliações, onde o mais importante eram as aprendizagens e o crescer por dentro. Quase todos frequentam o ensino superior. Vêmo-nos por vezes nas esquinas da vida. Alguma coisa ficou. Alguma coisa transmiti.
Pensando nos alunos
Que outra maneira existe de preparar aulas? Transporto-os no pensamento, nos corredores do supermercado, nas ruas da cidade, dentro da escola. Pensar neles, nas suas dúvidas, no modo como aprendem, no que me disseram na última aula. Pensar de uma forma especial naqueles que, embora queiram, não trazem conhecimentos suficientes que lhes permitam avançar. É preciso voltar com eles, ensinar outra vez, ensinar de outro modo. Quero que eles se entusiasmem. Ontem numa aula de apoio no meio de imensos materiais manipuláveis que eles utilizavam : "Ó professora este ano eu gosto de Matemática!" É preciso que este gostar não esmoreça nas dificuldades e no trabalho que é preciso realizar. Este trabalho silencioso não se vê mas é muito importante. Por vezes, nem sequer se traduz em nada escrito. É só o conhecer dos alunos, dos seus gostos, da maneira como aprendem.
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