Para mim, ainda não. Descobri que é um modo de eu escrever todos os dias, de alinhar ideias, de não perder a prática de passar a outros o que sinto e como sou.
Desde muito pequena que o faço. Ainda não havia internet mas eu já tinha diários onde escrevia, todos os dias, o que me ia na alma.
(19 anos)
às vezes penso que não vale a pena viver! A sério! E aqui quedo-me !Mas o que é mesmo viver? Será levantar todos os dias e deixar que o tempo e tudo o resto passe por nós, ou viver será ir ao encontro das pessoas e das coisas que nos fazem felizes? Se realmente é a segunda hipótese, eu não estou a viver! Isso assusta-me um bocado. Não sei se realmente eu saberei viver.
16/12/81 ( numa grande paixão)
Não sei mais nada! Só sei que tenho uma imensa necessidade de escrever, de deitar cá para fora o que sinto, todas as emoções que vivo, a força no peito que me oprime quando tu não estás, o medo de perder de ti o que me deste. Não sei o que faço, porque o que faço e o que sou quando estou contigo se esvai. Preciso de ti mas não sei bem porquê, nem para quê. Quando te vejo, sinto uma emoção crescer mas, quando te deixo e te digo "até amanhã", a emoção morre porque ela só é possível contigo.
15/09/83 (noite cerrada)
Há mil madrugadas sem amanhecer.
26/09/83 (11.20 da noite)
Acabei o meu curso!! Soube há pouco que tinha feito a última cadeira. E agora? que vida de mar e rosas e espinhos me espera? Que quero eu desta vida? Que quer esta vida de mim? Que etapas terei ainda de vencer e quantas vezes ainda direi não quando quero dizer sim? Quando vou encontrar-me?
É bom ou é mau? Ou não é nada disso, só uma vida anónima a desenrolar-se, como qualquer outra? Obrigada a todos e a mim pela sensação boa que estou a sentir neste momento. Estou feliz. Alcancei mais uma meta.
Depois, continuei a escrever . Até hoje! A minha vida toda em cadernos e apontamentos vários. Quando encontrei os blogues considerei ser um modo fácil de me exprimir e partilhar alguns aspectos da minha vida e do meu olhar pelo mundo e pelas coisas. Assim continuarei a fazer. Talvez as minhas netas ainda tenham acesso à minha alma através dos meus escritos. Quem sabe!