sábado, 17 de abril de 2010

Pequenos passos que fazem a diferença


Os meus alunos eram indisciplinados. E, pior que tudo, achavam que era normal serem assim! Mas por que razão não posso chegar atrasado à aula? Por que razão não posso ir ao bar depois de tocar para a entrada, não posso entrar na aula e continuar a conversa com as amigas, não posso parar nas carteiras dos colegas a dar dois dedos de conversa enquanto o professor espera,não posso interromper a explicação do professor com perguntas fora de contexto (qual era o trabalho de casa? posso ir à casa de banho?)?
Foi uma luta de quase dois anos mas hoje em dia as aulas decorrem de uma forma agradável e, por vezes, basta só levantar a sobrancelha para que tudo volte ao ritmo normal! Deu trabalho. Era mais fácil ter continuado por entre a confusão. Insisti sempre na modificação de hábitos antigos até perceberem a diferença entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis dentro de uma sala de aula. Moldei cada gesto deles, emendei cada palavra menos certa, parei para reflectir com eles sempre que necessário.
Perceberam que, deste modo e com um comportamento correcto, aumentam o tempo útil de aprendizagem em cada aula, o professor fica mais disponível para explorar as suas ideias matemáticas(por vezes geniais)e ficamos todos mais bem dispostos. É verdade que foi preciso um castigo mais severo e muitas horas de conversa com eles e com os pais.
Dei-lhes assim a oportunidade de se concentrarem nas tarefas, de se ouvirem uns aos outros, comentarem e enriquecerem cada uma das opiniões dos colegas e aprenderem mais. E quando se acercam de mim no final com um "hoje esta aula foi muito gira e aprendi muito", a minha alma de educadora fica feliz.

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