Durante muitos anos afirmei que o que poderia acontecer de pior ao pais era perder o serviço nacional de saúde.
Toda a minha vida acompanhei familiares e amigos que sempre viveram nos Estados Unidos e assisti ao medo que eles tinham de ter doenças graves e morosas em que os seguros de saúde não fossem suficientes para poderem ser tratados. Todos têm mais do que um seguro de saúde para que na altura certa não seja necessário vender a casa ou pedir empréstimos para, simplesmente, não morrer.
Em Portugal sempre foi fácil ser tratado. Tivemos sempre acesso a bons profissionais, a boas instalações e com ou sem dinheiro, o estado pagava porque a saúde era um bem muito precioso.
Pouco a pouco tudo se foi alterando. Os privados entraram mansamente e afincadamente na equação da doença. A última vez que recorri a umas urgências de um hospital público, fiquei estarrecida. Apenas um médico de outra nacionalidade dava conta de uma quantidade de doentes incrível. Sem condições, porque alguns deles, cansados, abriam a porta do consultório e ouviam a consulta do doente anterior. Fui insultada por uma enfermeira sem razão nenhuma só porque, percebi eu, tinha de descarregar em alguém a frustração que sentia!
Se resolveram o problema? Não.
Foi então necessário traçar nova estratégia para alguma urgência que surja. Se algo acontecer, chamo os bombeiros que me levarão para a CUF Santarém onde sempre sou bem recebida e bem tratada. A partir daí, estarei em boas mãos. Se terei de pagar ou não, vai depender do serviço mas já o meu pai dizia que na saúde não se poupa.
Hoje foi dia de consulta com o marido neste hospital. Uma médica relativamente nova, com uma argúcia, sabedoria e boa educação insuperáveis. Sai-se do consultório com a ideia de que estamos em boas mãos. Alguma coisa mais importante que isto?
O meu grande medo aconteceu: o SNS está moribundo! Há que enveredar por outros caminhos.
Devo ao serviço público a vida do meu marido mas já passaram 10 anos!! Tanta coisa mudou!! Para pior, muito pior! A economia e a ganância são tramadas!
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